Foi
na manhã do dia 16 do ano passado que a noticia chegou... Talvez da
maneira mais inesperada ou talvez esperada. Ainda havia esperança, como sempre
houve...
Lembro-
me que o dia estava frio e que garoava a, às vezes os pingos eram mais fortes e
era preciso o uso do guarda – chuva. Naquela manhã cheguei ao meu destino um
pouco tarde e após alguns minutos recebi uma ligação, precisavam de mim... Fui
para a estação e quando entrava na locomotiva o celular tocou novamente e a
verdadeira noticia chegou a mim... Ele tinha ido embora e nunca mais voltaria.
Disseram-me que ele havia partido depois das oito, porém como estavam
preocupados comigo não disseram, mas a noticia chegou... Não importa o quanto
adiaram, ela veio e me dilacerou por dentro como nunca havia acontecido.
Naquele instante foram apenas minhas pernas que me direcionavam para dentro do
metrô porque eu já não estava em mim.
As
lágrimas rolavam pelo meu rosto, a dor era tanta que nem o choro bastava para
acalmar. E ver as pessoas ao seu redor levando suas vidas normalmente faz com
que a dor aumente, pois elas não se importam com seu sofrimento e no momento
não sentem o mesmo que você sente, pode parecer egoísmo, mas queremos que o
mundo também fique de luto.
E
ainda mais doloroso é ver a pessoa que mais amamos aos prantos... Meu herói que
nunca chorava que sempre me pareceu inabalável tinha um ponto fraco. Sim
chorou, chorou ao perder seu querido irmão e mais fiel amigo. Porém todos nós
choramos, sim choramos quando a pessoa que amávamos se foi, quando seu sorriso
se foi, quando o brilho do seu olhar se apagou. Quando a terra o cobriu, tive a
certeza que ele havia ido embora para sempre, pois ainda havia esperança...
Mas
as areias do tempo não param e a vida continua, continua para nós que
sobrevivemos a cada dia por mais doloroso que seja respirar e olhar para o céu
e saber que ele se foi e que não pode ver o que você vê, que não pode mais
sentir os aromas da Terra e nem sentir a saudade que ficou no lugar de sua
partida, talvez ele nos veja... Vê as lágrimas que derramamos no travesseiro ou
as que escapam quando menos esperamos. Talvez ele saiba o quanto nós o amamos
em vida e ainda mais depois que ele se foi, pois o mundo não é mais o mesmo,
não para nós que sofremos com nossas perdas, nós apenas sobrevivemos, pois
viver novamente torna-se tão doloso ao ponto de ser impossível ser feliz
como éramos.
Não
a felicidade realmente não existe, e depois das partidas permanentes nós
aprendemos que muitas coisas fúteis ao qual dávamos valor não tem a menor
importância que o mais sensato é demonstrarmos nossos sentimentos para as
pessoas que amamos. As águas que saíram da fonte nunca retornam e ao percorrer
seu caminho ela aprende com as curvas e os obstáculos, assim somos nós
aprendemos com nossas dores e perdas.
Sim
ele se foi, mas ainda sinto-o em cada toque das flores, em cada farfalhar das
folhas e o vejo nas minhas mais belas e doces memórias... No inicio tive medo
de esquecê-lo, mas agora sei que nunca o farei, pois um ano já se passou e ele
ainda vive dentro de mim, a dor? Talvez tenha se tornado mais tênue, porém
ainda é forte.
E
sim eu o amei e ainda o amo.
Em
memória de Isaias... Meu amado tio.
Bela
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