O dia
está amanhecendo e a visão que você tem é de um mar revolto a sua frente, as
nuvens encobrem os resquícios de sol do dia vindouro e tudo escurece. Uma violenta
tempestade se aproxima. Todos correm de volta para suas casas buscando um
abrigo seguro, porém você continua sua lenta caminhada para a praia, busca as
agitadas águas marinhas na esperança de aplacar esse buraco negro que cresce
cada vez mais em seu peito.
Lembra
– se de como o verão fora feliz em sua vida, cheio de risos, lágrimas de
felicidade, promessas de amor eterno... Ah como fora bom estar em seus
braços... Mas o outono foi chegando tornando os dias mais frios e
monocromáticos. Enfim o inverno chegou e seu amor se fora, levado pelo vento
junto com as ultimas folhas das árvores.
Chega
à beirada da praia, as ondas beijam seus pés, os respingos do mar escorrem pelo
seu rosto como lágrimas brotando da alma e o vento chicoteia seu corpo.
Continua caminhando para dentro do mar, a água é gélida, mas reconfortante. As águas
te cobrem e você se deixa levar para o fundo do oceano, onde seus pensamentos
não gritam como crianças estéreis, e a escuridão torna – se aconchegante, as
águas te abraçam como uma mãe abraça o filho.
O
fim está chegando, seus pulmões gritam pedindo ar, porém está fundo demais para
voltar à superfície. Solta a ultima reserva de ar e vê o mundo escurecendo para
sempre...
Seus
olhos se abrem lentamente, a visão está turva, pingos de chuva caem em seu
rosto, está deitado na areia da praia. Tenta se lembrar de como viera parar na
praia, sem sucesso. Não há ninguém a sua volta, sai da areia em busca de um lar
reconfortante, uma lareira crepita aconchegante em sua casa e roupas secas.
Não
percebe de inicio, mas o buraco em seu peito está diminuindo, e o gosto amargo
da desilusão está se tornando doce. Da uma ultima olhada para a praia e vê alguém
acenando gentilmente e num piscar de olhos sumir. Agora soubera quem o salvara
de si mesmo...